“Escola não é treinamento, escola é formação”, declarou Greiton Toledo de Azevedo ao falar sobre o Mattics, projeto que desenvolve com seus alunos na Escola Municipal Irmã Catarina Jardim Miranda, em Goiás.
O professor defende que o modelo sistemático como a Matemática é ensinada nas escolas não é muito interessante para os alunos, pois apenas reproduzem coisas que muitas vezes nem compreendem.
Partindo dessa inquietação, Greiton decidiu criar o Projeto Mattics. A ideia é ensinar Matemática de um modo diferenciado e criativo.
“Pensamos a Matemática fora da caixinha, uma matemática problematizada, contextualizada, que não se reduz a certos moldes.”
Em 2016, por meio desse projeto, Greiton foi um dos vencedores do Educadores Nota 10, uma realização da Fundação Victor Civita em parceria com a Fundação Roberto Marinho.
Projeto Mattics teve início com apenas 30 alunos
O Mattics teve início em 2015, com 30 alunos convidados a participar. Um dos critérios estabelecidos para a seleção era de que essas crianças morassem próximo à escola.
Não seria possível fornecer lanche aos participantes. Os alunos precisavam ir para escola pela manhã para participar do projeto, ir para casa almoçar e retornar à escola na parte da tarde, para as aulas.
Foram os familiares dos próprios alunos que se organizaram e ofereceram aos participantes do projeto alguns lanches.
Desde seu início, o Mattics não recebeu auxílio do poder público. Greiton precisou mobilizar toda a comunidade escolar para que o projeto pudesse de fato acontecer.
“Não tínhamos sequer uma sala para desenvolver projetos. Então pegamos metade da biblioteca, fizemos um mutirão para consertar nossas máquinas, embora já fossem bem antigas, e mobilizamos familiares e amigos para que emprestassem também notebooks”, explicou.
No início, os desafios propostos eram mais simples. Era solicitado aos alunos a criação de animações. Com o passar do tempo, esses desafios foram aumentando, a ponto de os estudantes começaram a trabalhar na construção de jogos por meio da Matemática.
Objetivo é formar professores e estender o Mattics a outras escolas
“Durante a apresentação, as crianças dão um show na explicação, na consistência, na autonomia. É isso que temos que pensar. A escola como um processo formativo dessas crianças”, enfatizou Greiton.
Essa experiência proporcionou às crianças não só o aprendizado da Matemática em si, como também o desenvolvimento de outras habilidades importantes para sua formação.
“Precisamos mobilizar outras práticas formativas, sociais, educacionais. De modo que estimule o aluno a se tornar um sujeito mais crítico, mais participativo, mais consciente daquilo que ele faz, não tão centrado em si mesmo, não tão egoísta”, complementou.
Greiton explicou que a ideia, agora, é formar outros professores. O objetivo é ampliar o projeto também para outras escolas.
“Estamos construindo um site para disponibilizar gratuitamente todo o material que nós temos.”
Professor defendeu maior participação do poder público em ações educacionais
O professor explicou que o Mattics é o “queridinho” dos alunos. Mas, infelizmente, nem todos conseguem participar.
“A demanda é muito grande para uma oferta muito pequena.” Ao todo são 16 pessoas atuando na equipe, voluntariamente. Entre pedagogos, programadores e matemáticos.
Greiton ainda frisou o quanto é difícil o poder público não participar ativamente na implementação e desenvolvimento de projetos como este.
“Não podemos culpar o professor. Educação não se faz com uma mão só. Precisa de vozes engajadas, projetos engajados e de investimento.”
Além disso, o professor explicou que os professores muitas vezes não dispõem de tempo suficiente para se dedicar a atividades diferenciadas.
“Os professores precisam de mais tempo para planejar suas aulas. Temos professores incríveis que só não fazem coisas incríveis porque não têm tempo.”
Saiba mais em: < http://inoveduc.com.br/noticias/mattics-descomplica-raciocinio-matematicos/ >